CARREIRAS

Carreira em Relações Internacionais

A carreira de um analista internacional, também chamado de internacionalista, é ampla e diversificada, o que torna impossível desenvolver apenas uma definição sobre a atuação do profissional no mercado de trabalho. De modo geral, o mercado brasileiro tem buscado o profissional de Relações Internacionais por conta de sua formação multidisciplinar e de sua capacidade analítica, já que sua formação compreende disciplinas de economia, comércio, ciências políticas, história, geografia e direito. Claro, um aspecto fundamental para a carreira é o conhecimento de idiomas estrangeiros, sendo fundamental o inglês.

O analista internacional pode desenvolver sua carreira no setores públicos e privados, mas também no terceiro setor. São muitos os campos de trabalho no Brasil e no mundo, mas alguns ainda são pouco explorados. Confira abaixo, algumas possibilidades de carreira na área. 

Setor Privado

É no setor privado que está o maior número de oportunidades de trabalho para o analista internacional. O profissional da área compõe assessorias e/ou conselhos de assuntos políticos, econômicos e financeiros em multinacionais, mas também em empresas de caráter nacional que estão em fase de internacionalização ou que são associadas a organismos internacionais. Também há demanda de trabalho em empresas importadoras e exportadoras. 

Bancos privados, câmaras de comércio e associações setoriais demandam o profissional de Relações Internacionais para prospectar oportunidades, conduzir negociações e produzir conhecimento estratégico sobre o mercado global. 

De modo geral, espera-se que o profissional saiba desenvolver, por exemplo, uma análise do mercado no qual o produto está/será inserido, uma visão sobre as leis que a empresa e seus produtos estão/serão submetidos em outros países, bem como fornecer informações sobre dificuldades culturais que poderão ser encontradas no caminho. 

Há também espaço para aqueles que atuam de forma autônoma ou que desejam empreender na área. Cada vez mais analistas internacionais têm trabalhado na promoção de feiras, eventos e exposições que reúnem mais de um país, promovendo intercâmbios culturais, científicos, turístico etc. Outros analistas internacionais atuam como freelancer na produção de estudos sobre o cenário econômico, político, cultural e comercial. 

Setor Público 

Estão enganados aqueles que pensam que para trabalhar no setor público o analista internacional precisa ser aprovado no concurso do Instituo Rio Branco e se tornar Diplomata ou Oficial de Chancelaria. Além da carreira diplomática, cada vez mais instituições públicas demandam a presença do profissional de Relações Internacionais.

No âmbito federal, bancos, ministérios e agências reguladoras possuem departamentos ou assessorias de Relações Internacionais, já que os mesmos constantemente se relacionam com organismos internacionais ou entidades homólogas no exterior. O Ministério do Trabalho, por exemplo, tem desde 2004 uma Área Internacional, que possui múltiplas funções.  A ela compete, dentre outras funções, coordenar a participação do Ministério em fóruns internacionais e promover cooperação técnica que outros países.

Os estados brasileiros também fazem Relações Internacionais. É a chamada Cooperação Internacional Descentralizada ou Paradiplomacia. Governos estaduais têm buscado soluções para os seus problemas internos em experiências estrangeiras. Assuntos como mobilidade urbana, aquecimento global, ciência e tecnologia, turismo, planejamento, dentre outros, têm pautado a cooperação entre entes subnacionais. Para isso, contam com equipes de analistas internacionais, geralmente distribuídos por Secretarias de governo ou centralizados em um único escritório. Os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul são referências nesse contexto. 

O mesmo se aplica aos municípios de médio e grande porte. 

Além da cooperação, estados e municípios recebem anualmente dezenas de missões internacionais, a maioria de autoridades e de empresários, o que exige o expertise do analista internacional para conduzir os trabalhos e as reuniões dos visitantes. 

Há espaço também para que o analista internacional trabalhe em órgãos públicos de outros países, como embaixadas, consulados, representações estrangeiras. 

Carreira nas Universidades 

O analista internacional pode desenvolver sua profissão nas universidades públicas e privadas. A carreira acadêmica é requisitada e atrativa, sendo que muitas pessoas se tornam professores e pesquisadores, trabalhando diversos temas internacionais. Hoje em dia, várias instituições brasileiras ofertam programas de mestrado e doutorado na área. Outra opção é ampliar os estudos em universidades estrangeiras. 

As universidades também são instituições que possuem escritórios internacionais que são responsáveis pelos programas de intercâmbio acadêmico, bem como pela gestão dos projetos de cooperação científica com instituições estrangeiras de pesquisas. Nesses escritórios, a presença do analista internacional é fundamental. 

Terceiro Setor

Organizações não governamentais (ONGs), bem como organismos interngovernamentais, formam outro enorme campo de trabalho para o analista internacional. 

ONU, OEA, Mercosul, União Europeia, dentre outros tantos organismos, abrem freqüentemente processos seletivos. Nessas instituições, o profissional atua como analista em uma área específica de conhecimento, que deve ser relacionado com a linha de pesquisa trabalhada pelo profissional no Mestrado, Doutorado ou Pós doutorado. Fica claro, então, que para atuar nesses organismos é exigido no mínimo um Mestrado. 

Um exemplo é o trabalho desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que conta com consultores locais para realizar pesquisas e desenvolver projetos nos países em desenvolvimento.

O profissional de Relações Internacionais é também muito requisitado nas ONGs, sejam elas internacionais ou nacionais. Nas de caráter internacional, como a CARE, Médicos sem Fronteiras e Cruz Vermelha, o analista atua como representante da organização em determinado país ou diante de outra entidade, uma espécie de diplomata. Já nas ONGs de caráter nacional, o profissional atua como consultor ou assessor internacional responsável por acompanhar as discussões externas sobre assuntos relacionadas à atividade da ONG, e também na captação de recursos externos para programas sociais.

Leia nosso post:

Leia abaixo o depoimento da Analista Internacional Elisa Pernisa, CEO e Fundadora do What’s Rel?

A decisão de me tornar uma Analista Internacional

Quando comecei o terceiro ano do segundo grau não sabia ao certo qual carreira queria seguir. Comecei por eliminação: certamente não seria uma carreira na área da saúde nem de exatas. Daí comecei a pesquisar quais eram os cursos de humanas pelos quais eu poderia me interessar. Como toda família padrão, meus pais certamente teriam ficado muito felizes se eu tivesse feito direito ou administração, cursos considerados tradicionais e com um sólido mercado de trabalho.

Felizmente meus pais nunca me impuseram restrições sobre a minha escolha e queriam que fosse acima de tudo feliz. E é claro que eles me lembraram que de alguma forma, dinheiro é um fator importante nesta decisão. Eu certamente não seria feliz se a minha profissão não me possibilitasse independência financeira. E acredito que a maioria das pessoas pensam desta forma, certo? Assim, de bobeira na biblioteca, “descobri ” o Guia do Estudante. Um livro que lista todos os anos todos os cursos de graduação disponíveis no Brasil, com informações muito úteis como: o que é, dúvidas dos vestibulandos, o mercado de trabalho, o curso, o que você pode fazer, um ranking com as melhores faculdades/universidades que oferecem aquele curso no país, entre outras informações.

Achei muito interessante a grade do curso e fiquei muito feliz por saber que poderia fazê-lo na minha cidade, numa excelente Universidade. Além das matérias, as  possibilidades de carreiras são infinitas e fiquei muito animada. Como todo bom aluno padrão de Relações Internacionais, eu já havia feito intercâmbio e gostado muito da experiência. Tinha certeza que eu estava destinada a morar no exterior.

Antes das aulas começarem eu liguei para uma conhecida que estava no ultimo período do curso para perguntar como era, se ela tinha gostado e suas perspectivas sobre o futuro. Acho que ela não estava num bom dia e acabou falando tão mal do curso que por um momento pensei que tivesse feito uma escolha muito errada na minha vida. Ela disse que a carga de leitura era massante, que o curso era excessivamente teórico e que o mercado de trabalho era o mercado do futuro e logo, não havia muitas oportunidades de emprego em seu presente.

Entrei no curso em fevereiro de 2005 um pouco receosa com a má impressão que a minha “fonte” havia me passado. Como toda boa caloura eu ia a todas as aulas, lia todos os textos, e me dedicava aos estudos. Com o passar do tempo percebi que existiam bons professores, professores medianos e professores excelentes; matérias que eu adorava, matérias chatas e matérias desnecessárias. A medida que os semestres iam passando eu fui pegando o jeito: matérias com professores ruins eram melhor estudadas em casa pelo famoso processo autodidata; matérias com professores bons requeriam minha presença em sala e leitura dos textos; matérias com professores excelentes faziam o curso valer a pena e não requeriam leitura. Mas era tão bom que eu sempre lia assim mesmo. Acredito que este padrão é encontado em todos os cursos de todas as universidades. Não é porque você escolheu aquele curso que todas as matérias da grade vão te agradar. Assim como existirão bons e maus profissionais em qualquer carreira. 

Mais adiante algumas previsões se confirmaram: o curso era muito teórico e a carga de leitura imensa. Eu tinha duas opções: ficar reclamando todos os dias (o que fiz por uma semana) ou mudar a minha postura e fazer o melhor curso que eu podia. O volume de leitura seria o mesmo, independente da minha vontade, mas foi amenizado com grupos de resumos comprometidos. Os textos eram dividdos entre o grupo e cada um fazia um excelente resumo dele e depois nós trocávamos entre a gente. É claro que tinha sempre alguém que deixava o conteúdo vazar para os freeriders mas isso não era um problema pra mim já que meu trabalho seria o mesmo. Observem que os resumos eram muito bons. Não eram esquemas. E todo mundo era comprometido. Ficava muito inviável ler todo o material original, especialmente na época da monografia.
Quanto ao nível teórico do curso eu procurei solucionar buscando um estágio. Comecei a minha busca no quarto período, quase no quinto. Mas só consegui no sexto. As vagas eram muito poucas o que tornava a concorrência muito alta. Nesta época os currículos costumam ser muito parecidos porque todo mundo acabou de entrar na faculdade e não tem experiência. Para você que quer sair na frente sugiro cursos de férias, cursos de idiomas e se possível seus certificados, informática e palestras. Todas estas coisas independem do período que você está e certamente irão abrir muitas portas. Na época, os lugares que mais ofereciam oportunidades eram as Câmaras de Comércio. No entanto as remunerações, quando existiam, eram figurativas. De qualquer forma, acho importante que seja feito um estágio por vários motivos: 1. você terá a oportunidade de colocar em prática o pouco que já aprendeu; 2. você irá aprender coisas que não aprenderá na faculdade; 3. você terá a chance de ver se é este mesmo o caminho que você quer seguir na sua carreira; 4. você começará a desenvolver algo fundamental na sua profissão chamado networking; 5. invariavelmente você terá um novo senso de responsabilidade; 6. você verá a faculdade com outros olhos e irá aproveitar muito mais do que ela tem para te oferecer; 7.em alguns casos você poderá se formar com a garantia de um emprego.

Hoje as possibilidades de estágio são muitas. É claro que isso irá variar de acordo com o mercado da sua cidade ou região. O eixo rio-sp tem sempre muitas opções com remunerações melhores, mas este cenário está melhorando. Dê uma olhada na nossa seção de estágios e você terá uma breve idéia sobre esta nova realidade. Em Brasília há muitos organismos internacionais e embaixadas que oferercem vagas muito interessantes. Em Belo Horizonte, as Câmaras de Comércio continuam sendo as maiores provedoras de vagas. Mas já é possível encontrar vagas em empresas de maior porte que buscam a internacionalização. Secretarias e departamentos do governo estadual e municipal também são uma opção. Para aqueles com viés mais acadêmico há inúmeras bolsas de pesquisa disponíveis em grande parte das universidades. No meu caso, trabalhei para uma Câmara de Comércio e depois da minha graduação comecei a trabalhar para uma das empresas que faziam parte da minha carteira de associados.

Foram 20 dias entre a minha formatura e minha contratação.

Se você ainda não se decidiu sobre fazer ou não o curso de Relações Internacionais ficam algumas dicas:

– Procure saber as Universidades/Faculdades que oferecem o curso e a qualidade dos mesmos;
-Se você não gostar de ler e/ou de idiomas estrangeiros esta não deve ser a melhor opção para você;
-Procure conversar com profissionais na área, mas lembre-se de filtrar as informações que possam refletir as frustrações individuais da sua “fonte”;
-Fazer o curso de RI não significa morar no exterior nem trabalhar na ONU; O curso é muito mais do que isso;
-Cuidado para não se matricular em cursos com nomes parecidos ou grades meramente semelhantes; Tenha em mente que RI não é Comércio Exterior muito embora tenham algumas matérias em comum;
-Busque uma profissão que te dê satisfação pessoal e independência financeira;
-Busque auxílio por meio de testes vocacionais, desde que realizado por pessoas/instituições sérias;
-Acompanhe o nosso blog!

Se você ainda tem dúvidas ou críticas, deixe um recado aqui! 
Obrigada pela visita e volte sempre!