Qual o real Papel da ONU?

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Hoje a matéria de capa do Correio Braziliense é a atual situação da onda de revolta que atinge a Líbia. Buscando maiores informações entrei no site da Folha que trazia a seguinte reportagem: “Líbia pode estar cometendo crimes contra a humanidade, diz ONU”. Lendo este título entendo que um país que “pode estar”, “não está” necessariamente cometendo os crimes contra a humanidade, correto? Pelo título fiquei com a sensação de que ou as coisas estavam mal explicadas ou “alguém” não queria assumir uma posição clara sobre o assunto.

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Segui lendo a matéria que se inicia da seguinte forma: “A alta comissária da ONU (Organização das Nações Unidas), Navi Pillay, pediu nesta terça-feira por uma investigação internacional sobre os ataques feitos por forças líbias contra manifestantes contrários ao regime do ditador Muammar Gaddafi, há 41 anos no poder, dizendo que eles podem constituir crimes contra a humanidade. Ativistas de oposição de moradores de Trípoli relatam que as ruas da capital estão cheias de corpos de antigovernistas mortos por forças de segurança”. Logo depois ela declara: “Em um comunicado, Pillay pediu pela interrupção imediata de violações aos direitos humanos no país e denunciou o relato de uso de metralhadoras, atiradores e aviões militares contra civis. Ataques generalizados e sistemáticos contra a população civil pode constituir crimes contra a humanidade”, afirmou a alta comissária. 
A meu ver existe uma grande contradição neste discurso, não? Num primeiro momento não se tem certeza sobre os crimes; num segundo, ela pede a interrupção imediata das violações, denunciando ataques contra civis; num terceiro momento ela volta a afirmar que os ataques podem constituir um crime contra a humanidade. – Quando digo ela, não responsabilizo o indivíduo Navi Pillay e sim, a instituição ONU – Então, existe ou não um crime contra a humanidade acontecendo na Líbia? Para mim está claro que sim. E acredito que para você, leitor, também. O que me leva a escrever sobre este assunto é porque a ONU parece não ter certeza do que de fato está acontecendo na Líbia?
Eu sempre gostei de ler as correntes institucionalistas do Keohane e Nye e concordo em grande parte que as instituições são muito importantes e servem para estabelecer a ordem. No entanto, eu já não sou mais tão fiel a esta corrente. Acredito que as instituições são importantes sim, mas estou tendendo à situação de que  “ruim com elas, pior sem elas”, ou seja, elas não estão conseguindo atuar da maneira com que deveriam, deixando a desejar em vários casos. E acredito que a Líbia seja um deles.
Por que até agora, diante deste cenário de revoluções “em série” a ONU ainda não foi capaz de “tomar partido” no sentido literal da coisa? Eu entendo que tudo que é dito por uma instituição deste peso tem que ter cautela, não pode ser dito ao vento. Mas daí dizer que não sabe exatamente o que está acontecendo? Dizer que “A agência comandada por Pillay não está presente na Líbia, mas mantém-se pronta para apoiar investigações e promover direitos civis, políticos e econômicos no país do norte da África.”? Por que ela ainda não está lá impedindo o massacre aos civis? O que estão esperando? Mais mortes?
Quando escrevo estes posts não tomo minha opinião como sendo a verdade absoluta do universo. Acredito ser mais um indivíduo questionando o mundo em que vivemos e as regras que nos foram apresentadas. Eu não estou lá na ONU para saber como as coisas realmente funcionam. O que não me impede também de questionar se já não passou da hora das coisas serem diferentes. O fato de elas terem sido criadas de uma forma, não as obriga a serem desta forma até o fim dos seus dias. Acredito na transformação. No reconhecimento dos erros e sua posterior mudança. Acredito nos acertos e em continuar tentando. Só não acredito em Papai Noel ou que a ONU não veja o que acontece na Líbia e no resto do mundo.
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Internacionalista, mineira, radicada no Rio de Janeiro desde 2012. Idealizadora/Fundadora do What's Rel? (2011). Business Development Latin America para uma empresa canadense de engenharia, sócia da PAR Consultoria, e grande entusiasta da carreira de R.I. :)

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