O profissional de RI no setor de Suprimentos

Postado em 05/20;

“As cadeias de suprimentos formam a espinha dorsal das relações regionais e globais. O planejamento e execução de uma missão de paz, por exemplo, conectam os processos de logística do âmbito militar com assistência do setor hospitalar, que são coordenados após acordos políticos entre os países envolvidos.”

Por Yuri Torreão*

Os estudantes de Relações Internacionais, ao buscarem estágio ou emprego, muitas vezes não encontram oportunidades vinculadas ao curso e acabam se contentando com  “área correlata” ou “curso afim”.

De tempos para cá, esse cenário vem se modificando e ficando mais favorável aos graduandos e profissionais da área. Apesar de algumas empresas ainda trabalharem de forma regionalizada, a internacionalização das organizações se mostra em franca expansão. Tal como descrito por Keohane e Nye, na teoria da Interdependência Complexa, as relações dos países estão cada vez menos sob influência do Estado e mais nas mãos do mercado. Dessa forma, caracteriza-se uma mudança estrutural e, consequentemente, o fortalecimento da classe dos Internacionalistas.

A medida que o mercado abre as portas para os Analistas Internacionais, as suas habilidades multidisciplinares passam a ser percebidas. Os estudantes de RI são preparados para analisar e buscar soluções dentro dos contextos políticos, sociais e econômicos. Além do conhecimento de humanas, tópicos de administração também são apresentados aos graduandos, proporcionado uma visão estratégica financeira. E, devido a proximidade cultural com outros países, o estudo de línguas estrangeiras proporciona grande competência na comunicação. Sendo assim, o conjunto de capacidades facilita a negociação para inúmeras situações.

Gestão da cadeia de suprimentos

Em consonância ao crescimento do mercado global, a necessidade desse perfil de profissional aumenta. Um fato, é sua efetiva participação na área de Suprimentos.

Para a gestão de uma cadeia de suprimentos, a fim de garantir que o cliente tenha sua expectativa plenamente atendida, é necessário um time de profissionais altamente qualificados para execução de todas as etapas. Por trás de um produto disponível na prateleira, por exemplo, existe um grande fluxo executado por diversos atores. Esse fluxo pode envolver compra, estoque, transporte, produção, venda, dentre outras funções.

Fonte: Elaborado pelo autor

Quando o produto está acabado, ele será comercializado e a coordenação dos serviços e contratos será realizada de acordo com o custo e prazo acordados. A “arte” reside em achar o equilíbrio entre as atividades, diminuindo o tempo de espera entre os processos, com redução de custos e visibilidade de toda a cadeia. As ações deverão ser tomadas com objetivo de mitigar riscos, planejar os próximos passos e acompanhar a execução das equipes, usualmente, localizadas em diferentes locais, sejam em escritórios, cidades ou até países distintos.

Logo, o profissional de RI se encaixa perfeitamente nesse contexto, uma vez que visa o ganho global com a estabilidade do fluxo comercial em um cenário sujeito a constante mudança. O entendimendo da teoria idealista quanto à manutenção do status quo pode explicar a vontade de se obter uma melhor previsibilidade do resultado, por mais que tal situação – tal como o nome diz – seria a ideal.

Oportunidades na área

A área de atuação é ampla, haja visto que a maioria das empresas tem setores ligados à administração de recursos ou suprimentos. As oportunidades de emprego vão desde plantas industriais, passando por transportadoras, centros de distribuição, intermediários do comércio (atacadistas e varejistas), consultorias especializadas, agentes de carga internacional, despachantes, companhias aéreas e marítimas, portos, aeroportos e setores governamentais, em suas diversas esferas, que fiscalizem os processos comerciais nesses locais.

Considerando que a vasta gama de oportunidades interesse, a porta de entrada para estas empresas, comumente, é a partir de programas de trainee ou estágio remunerado. Outras vagas podem ser encontradas em feiras de emprego nas universidades, onde as empresas expõem seu ramo de atividade e têm por objetivo atrair os estudantes alinhados ao perfil do seu negócio. Participar de palestras e seminários também podem render bons frutos, já que é possível se manter atualizado com novidades da área, buscando maior afinidade. Os cursos de curta duração são outros meios de aproximar o conhecimento teórico ao prático e fazer networking.

Ao final deste artigo é esperado que o público de Relações Internacionais possa perceber o mercado por outro ângulo e verificar que cadeias de suprimentos formam a espinha dorsal das relações regionais e globais. Como exemplo, o planejamento e execução de uma missão de paz conectam os processos de logística do âmbito militar com assistência do setor hospitalar, coordenado com muita maestria após acordos políticos entre os países envolvidos. É comum que o papel do Analista Internacional seja confundido tendo em vista a diversidade de agentes envolvidos e o alto nível de sinergia entre os setores políticos e comerciais. Portanto, é importante ressaltar que todos devem trabalhar juntos para garantir o desenvolvimento e manutenção do comércio local e mundial.

* Yuri Torreão – Bacharel em Relações Internacionais (UNESA RJ) e MBA em Logística e Supply Chain Management (FGV RJ). Profissional com mais de 7 anos de experiência em empresas de grande porte em áreas de planejamento e coordenação de operações de Logística Internacional. Co-criador do site InspireLog (www.InspireLog.com) que fornece conteúdo especializado e palestras sobre assuntos relacionados à cadeia de suprimentos.