Somente hoje eu tive a chance de ver este vídeo. Quisera eu ter tido a chance de participar desta homenagem.
Quantas elas fossem, não seriam o suficiente para agradecer o papel que o Onofre teve e tem na minha vida, de forma direta ou indireta.
Assim, eu tomei a liberdade de usar este espaço, para poder agradecê-lo e compartilhar com vocês um sentimento mútuo que temos sobre o papel do educador. Sobre ser um analista internacional.
Como o próprio Onofre expôs neste vídeo, sua presença não passou batida. Ou as pessoas o amam, ou o odeiam. Eu jamais conheci alguém que se mostrou indiferente. Eu diria que vivi estes dois momentos com relação a ele. Da mesma forma, como ele mesmo reconhece, seu relacionamento com os alunos tende a melhorar muito depois que eles se formam. Eles passam a entender muitas de suas atitudes que, na relação de aluno-professor vigente, foram incompreendidas.
Fiz 4 matérias com ele: sociologia 1 e 2, projetos 3 e métodos. Duas destas matérias foram no terceiro período, aquele que consideramos o grande divisor de águas do curso: só fica quem realmente quer fazer R.I. Foi um período academicamente desafiador. Eu nunca estudei tano na minha vida. Eu nunca havia passado fins de semana lendo de manhã até de noite. Eu nunca havia me sentido tão intelectualmente insegura. Eu tinha pânico do Onofre. Aquele professor-lenda que, ao mesmo tempo que tinha tanto para oferecer podia ser também tão carrasco com os alunos.
Vencidas as batalhas do terceiro período – eu passei nas duas matérias dele – comecei a encarar as disciplinas futuras com mais segurança. Não porque elas foram mais fáceis. Mas porque eu havia aprendido a estudar. Porque eu havia provado para ele que estava disposta a aprender o que ele queria ensinar. As demais matérias com ele correram sem traumas, mas com a mesma carga absurda de leitura.
Ele me ajudou com meu tema de monografia mesmo não sendo a área dele. Ele foi lá saber o resultado da minha defesa para me dar os parabéns. Que abraço importante neste dia!
O Onofre foi escolhido paraninfo da nossa turma. O segundo lugar ficou longe dele na votação por sua escolha. No dia da colação – um momento que considero sempre emocionante – eu havia segurado as lágrimas super bem, até que chegou a vez do discurso dele. Chorei muito. Não porque sua fala teve aquele tom choroso, que geralmente permeia estas comemorações, mas porque foi a nossa ultima aula. Era ultima vez que, oficialmente, ele ia compartilhar sua sabedoria com a gente. Como eu chorei!
Depois de formada, nossos caminhos voltaram a se cruzar alguns anos depois. Eu já havia me mudado de Belo Horizonte, e passava por momentos pessoais e profissionais desafiadores, e percebi que o que ele havia me ensinado eu levaria pra vida toda. Escrevi um e-mail para ele dizendo: muito obrigada por tudo. As pessoas gastam muito tempo reclamando de tudo, e eu resolvi investir este tempo para agradecer. Ate aquele momento eu não sabia se ele fazia ideia do quanto tinha sido importante para mim.
O Onofre elevou meus padrões de exigência acadêmicos, profissionais e pessoais. Ele me ensinou a estudar. Me ensinou a receber informações de forma crítica e a não engolir as coisas que nos são jogadas a todo momento. Ele me ajudou a perceber meu valor intelectual. Que eu podia mais e que pouco importa a opinião dos outros, tantas vezes supervalorizadas e vazias de conteúdo. O que antes parecia ser tão teórico, estava sendo aplicado na prática do meu dia-a-dia. Algo que escuto TANTOS alunos de R.I. reclamando desenfreadamente do curso. Eu aprendi a aplicar estes conhecimentos na minha vida, todos os dias. R. I. deixou de ser apenas um diploma para se tornar um estilo de vida.
Eu me sinto extremamente sortuda por ele ter cruzado meu caminho. Ameaçaria dizer que até abençoada. Me tirou completamente da minha zona de conforto. Que sorte a minha!
As vezes penso que demorei a ver isso. Mas depois analiso com calma e acho que até que não demorei tanto. Quantas pessoas passaram – e continuam passando – a vida toda sem ter se dado conta disso?
Então, novamente – e agora publicamente – eu deixo registrado meu MUITÍSSIMO OBRIGADA Mestre Onofre. Que seu trabalho árduo como educador não foi em vão, e eu me sinto prova disso. Que você continue comprando briga e disposto a argumentar e trocar ideias com aqueles que possuem o que dar em troca. Não desista dos seus alunos porque, mesmo sem saber, eles precisam muito de você.
Grande abraço,
Pernisa