Postado em 10/2018;
A cada mês os leitores têem desafiado a equipe do What’s Rel? com sugestão de temas que nos têm feito pensar fora da caixa. Esse mês não poderia ser diferente e, na nossa série “Aqui no WR ? seu comentário virá post”, a leitora Luisa Sarto, nos sugeriu escrever sobre as Relações Internacionais e a Indústria Criativa, um comentário bem ousado, mas a ideia foi abraçada por outros leitores que votaram nesse tema para o mês de Novembro. Aceitamos o desafio! Confiram abaixo o que preparamos:
O que é a Indústria Criativa?
O termo “creative industries”, é muito utilizado nos países anglosaxões, asiáticos e latino-americanos, traduzido para o português como “indústrias criativas”. Essa é uma indústria voltada para inovação de processos produtivos dentro das fábricas, com novas formas de desenvolvimento da produção e novos modelos de negócios. Essa indústria também engloba a parte cultural que se propõe a desenvolver um processo criativo que seja de valor simbólico e central para a produção da riqueza cultural e econômica de uma empresa ou país.
Essa indústria vem ganhando cada vez mais espaço no cenário atual, pois as recentes mudanças econômicas e tecnológicas têm alterado o foco das atividades industrias tradicionais. Em comparação com as formas convencionais, a indústria criativa possui um viés mais estratégico num mundo cada vez mais global. Sua relevância consiste no seu potencial quanto à criação de sistemas produtivos que colaboram com o processo de inovação no mercado.
E os profissionais da indústria criativa, onde atuam? Bom, talvez você possa pensar que esses atuam em agências de publicidade ou escritórios de design. Mas a verdade é que eles podem estar incorporados em diversos setores, pois possuem diversas competência e pensamento estratégico para incorporar competitividade a produtos e serviços. Os setores da indústria criativa são variados e vão desde os mais tradicionais como Publicidade, Design, Editorial, Arquitetura à setores como Artes, Biotecnologia, Pesquisa e Desenvolvimento, Moda, Música entre outros.
Esses setores têm como alvo os patrimônios preciosos da cultura e o meio ambiente. Esses recursos são de grande importância estratégica para o desenvolvimento. E nesse quesito, os países emergentes possuem ricas reservas.
Indústria Criativa e RI. É possível essa conexão?
A indústria criativa se aproxima muito da teoria Construtivista das Relações Internacionais. Esta teoria se propõe a “[…]construir uma ponte entre preocupações positivistas (explicar as relações internacionais) e as pós-positivistas (entender do que são constituídas as relações internacionais)” Sarfati (2005, p. 259). Dessa forma, ela pode servir de instrumento para materialização da concepção construtivista, na medida em que as comunidades culturais como artistas, cineastas, designers, músicos, entre outros sejam cada vez mais incentivados a uma maior participação na formulação de ações culturais internacionais, envolvendo os interesses do país. Sendo assim, ela contribui como chave para a cooperação internacional, para o intercâmbio cultural e para a formação de soft power.
Indústria Criativa e a Política Externa
A Indústria Criativa tem sido alvo de muitos governos em sua política externa, Países como China, Austrália, África do Sul e Índia, têem se utilizado cada vez mais desse instrumento como forma de projeção internacional. A Chinês se tornou um dos maiores exportadores mundiais de produtos criativos, e essa posição muito se deve ao seu crescimento nos últimos anos e consequente demanda por informação e entretenimento digital. A Austrália elaborou políticas para setores como moda, arquitetura, jogos eletrônicos e entretenimento em geral. A África do Sul tem investido no setor audiovisual e principalmente na música. Já a Índia investe em soft power e produção cinematográfica, além dos setores de tecelagem e moda, sendo este último incluído recentemente no seu plano de governo.
Brasil e a Indústria Criativa
De acordo com o Ministério da Cultura, os setores criativos muito têm contribuído para o PIB, em 2010 foi cerca de R$ 104 bilhões ou 2,84% do PIB e geração de 3 milhões e 760 mil empregos, o que representa 8,54% do total de empregos formais no país. Os últimos dados do Relatório da Economia Criativa da Unctad, as exportações de produtos criativos brasileiros teriam alcançado US$ 1,2 bilhão ou 0,3% do valor global das exportações. Apesar dos dados positivos, a riqueza cultural do Brasil tem muito para expandir dentro da Indústria Criativa.
O Estado do Rio de Janeiro é líder isolado em termos de remuneração aos profissionais da indústria criativa. O Estado é um polo gerador de artes, cultura (com destaque para a produção televisiva) e pesquisa científica. O destaque do Distrito Federal ocorre no segmento criativo de arquitetura, editorial e Design. São Paulo tem um maior rendimento no setor de publicidade. O Amazonas se destaca no setor de Biotecnologia devido aos diversos institutos de pesquisa instalados na região para captar todo potencial de biodiversidade do local.
Como você pode observar a indústria criativa é um ramo em expansão, não só no Brasil como em diversos locais no mundo. Se você é internacionalista e tem interesse nesse setor, saiba que há muito espaço para atuação e também possibilidades de novas conexões. Este é um tema muito amplo e com muitas possibilidades. É por isso que separamos algumas dicas bônus para você se aprofundar no entendimento do que a Indústria Criativa representa no cenário nacional e internacional. Confira abaixo:
Dicas Bônus
Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil
A Economia Criativa nas Relações Internacionais
ECONOMIA CRIATIVA Implicações e desafios para a política externa brasileira
Esse artigo foi produzido com a ajuda da Colaboradora Voluntária Glayceane de Souza estudante de Relações Internacionais da UFRRJ.