ENTREVISTA COM FERNANDA DAL PIAZ

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É com especial orgulho de coloco no ar a entrevista com a capixaba, Analista Internacional, amiga e aprovada no concurso do Itamaraty, Fernanda Dal Piaz. Não teria maior presente para a inauguração do nosso site do que poder contar com sua participação e comemorarmos juntos esta grande conquista na sua vida. Parabéns Fernanda, e muito obrigada!

 

  • Nome: Fernanda Dal Piaz
  • Ano em que se graduou em RI: 2009
  • Instituição de ensino onde se graduou em RI: PUC Minas
  • Idade: 27 anos
  • Cidade onde mora: Brasília-DF

O que a motivou fazer o curso de RI?

Sempre tive interesse nos temas ligados ao curso de RI. Gostava do enfoque multitemático do curso e da possibilidade de conhecer, de forma mais profunda, todos os temas em destaque no cenário internacional – como meio ambiente, direitos humanos, não proliferação – e o posicionamento do Brasil em relação a esses temas. Além disso, me empolgava a perspectiva de ser capaz de fazer uma análise mais detida da interação dos Estados no conhecido contexto de anarquia do sistema internacional.

Fez intercâmbio? Onde e quando? Em que medida acredita que isto afetou positivamente a sua carreira e na sua vida?

Sim. Fiz intercâmbio cultural para Inglaterra entre agosto de 2003 e junho de 2004. Acho que ter tido que enfrentar o desafio de conviver com uma cultura diversa, à qual tive contato direto ao viver numa casa de família, foi importante para crescer pessoalmente. Na carreira, adquirir fluência na língua inglesa foi o mais relevante.

Quantos idiomas você fala? Quais? Possui certificado de formação nestes idiomas? Acha importante?

Falo inglês e espanhol fluentemente e francês intermediário. Tenho certificados de Cambridge (FCE e TOFEL) e de espanhol (DELE avançado). Acho importante ter os certificados, pois provam seu conhecimento da língua de forma mais objetiva. Mesmo tendo passado no concurso, gostaria de tirar o DELF, pois é um desafio e um incentivo a continuar me aperfeiçoando nesse idioma.

Você chegou a atuar profissionalmente antes de ingressar na carreira diplomática? 

Não atuei profissionalmente, pois já desejava seguir a carreira durante o curso de RI e queria focar nos estudos logo que me formasse.

Como foi o seu processo de tomada de decisão para ingressar nesta carreira?

Desde o ensino médio, tinha interesse na carreira diplomática, e isso certamente afetou a escolha do curso de RI. No entanto, quando comecei o curso, esse desejo ficou em segundo plano. No último ano de faculdade, decidi retomar o sonho antigo e me mudar para Brasília assim que me formasse, para tentar passar nesse concurso tão concorrido. Mesmo que nunca fosse aprovada, seria mais feliz sabendo que havia tentado alcançar esse sonho, em vez de achar que era impossível.

Como era sua rotina de estudos para passar no concurso? Quanto tempo levou para alcançar seu objetivo?

Estudava todos os dias, com exceção dos domingos. Tinha como meta estudar, no mínimo, 8 horas por dia, mas isso variava de acordo com a matéria que estava estudando. No sábado, estudava só até a hora do almoço. Tentava levar os estudos como se fosse um trabalho.

Demorei 4 anos para ser aprovada. Sempre tive dificuldades em passar na primeira fase (TPS). Acho a fase mais desafiadora do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD). Quando logrei aprovação nessa fase, fui aprovada no concurso.

Em sua opinião, qual a maior dificuldade de um analista de RI com relação ao mercado de trabalho?

No mundo dos concursos públicos, creio que as oportunidades para analistas de RI vêm crescendo continuamente. Cada vez mais, há vagas destinadas, especificamente, a bacharéis em relações internacionais. Nos últimos anos, houve concurso para a ANAC e para a FUNAG, por exemplo, que exigiam, como requisito para investidura no cargo, a graduação em RI. Além disso, houve o concurso de ATPS (Analista Técnico de Políticas Social do Ministério do Planejamento), em que vários colegas aprovados estão tendo a oportunidade de trabalhar na assessoria internacional de alguns Ministérios na Esplanada.

Em que medida seus relacionamentos interpessoais (networking) foram importantes na sua carreira?

Para o ingresso na carreira, acredito que os relacionamentos interpessoais não têm relevância. A lisura no processo seletivo faz contar mais o conhecimento sobre os temas cobrados no CACD.

Se pudesse dar alguma dica aos futuros analistas internacionais que desejam seguir a sua carreira, qual seria? E para os colegas que já são analistas, mas têm dificuldades de se posicionar no mercado de trabalho ou de tomar a decisão de estudar para este concurso?

A dica para os futuros analistas, que já têm vontade de prestar o CACD, é tentar se familiarizar com as matérias cobradas diretamente no concurso e investir no estudo de idiomas. Com a redução do número de vagas, a disputa está cada vez mais acirrada. Portanto, uma boa nota em inglês, espanhol e francês pode definir a aprovação e a colocação no concurso.

E a dica para todos àqueles que tem desejo de ingressar na Casa do Barão é “se jogar” nos estudos, evitando levar em consideração a pressão social que tal escolha envolve. O estudo para o CACD é um trabalho silencioso, que pode ser bastante demorado. Portanto, deve haver muita força de vontade para conseguir seguir a rotina de estudos, sem o retorno financeiro imediato. O que posso dizer, no entanto, é que todo esforço que fiz nesses 4 anos de estudos foram recompensados.

Além disso, acho importante buscar informações sobre concurso, principalmente os “depoimentos dos aprovados” (difundidos na internet), para estudar de forma pragmática para o concurso. Um planejamento ruim e a falta de foco nas matérias e no conteúdo cobrados diretamente no certame podem atrasar e até comprometer a aprovação do candidato no CACD.

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