ENTREVISTA COM GUILHERME GUEDES

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Atualizamos a entrevista com o analista internacional Guilherme Guedes, que além de colaborar com o What”s Rel?, é fundador de uma Startup premiada, a Esttima. A nossa primeira conversa foi realizada em 2011. Agora, já no final de 2016, Guilherme fala de suas experiências profissionais, principalmente quando viveu no Chile, e dá dicas de como se candidatar a processos seletivos e cargos em outros países. Confira o vídeo abaixo e logo depois leia a entrevista completa e atualizada! 😉

  • Nome: Guilherme Guedes Azevedo Guglielmelli
  • Ano em que se graduou em RI: dez/2009
  • Instituição de ensino onde se graduou em RI: PUC Minas
  • Idade: 31
  • Cidade onde mora: Belo Horizonte
  • Empresa para a qual trabalha: Esttima e ”What’s Rel?”
  • Cargo exercido: CEO e Fundador na Esttima e Empreendedorismo e Web Solutions no “What’s Rel?”
  • Há quanto tempo trabalha nestas empresas: 3 anos no What’s Rel?” e 1 ano e 4 meses na Esttima.

Conte um pouco da sua trajetória profissional e sua situação atual.

Minha trajetória profissional (formal) começou no Senac Minas, quando em fevereiro de 2010 fui contratado como Assistente de Projetos da Assessoria de Projetos Especiais, da Diretoria do Senac. Era um setor recém-criado para que novas ideias e ações fossem pensadas e planejadas a fim de melhorar tanto a entidade quanto a prestação de serviços para o cliente final. Como o foco do Senac estava voltado para a Copa do Mundo de 2014, essa área funcionava em razão de planejar e executar projetos com esse viés.

Depois disso veio o trabalho como Domains Account Manager na empresa Marcaria.com Corp, sediada em Santiago, no Chile. Fui contratado ainda no Brasil, e com menos de um mês me mudei para lá e comecei a trabalhar. Essa experiência foi incrível porque me ensinou muito sobre o que hoje aplico em minha empresa, que é o Sucesso e Desenvolvimento do Cliente. Aprendi espanhol, conheci pessoas sensacionais, e também o programa Startup Chile, que estava em sua primeira turma. Morei com alguns brasileiros que hoje têm startups desde essa época, como Bússola do Investidor, SmarttBot, Meliuz, e cada vez mais fui caminhando para esse lado. Ainda na Marcaria.com fui promovido a Gerente de Atendimento ao Cliente, o que me deu um início muito legal para poder estudar cada vez mais sobre isso e me aperfeiçoar. Chegamos a ganhar dois Stevie’s Awards na época (2013), em “Departamento do Ano em Atendimento ao Cliente” e “Melhor Uso da Tecnologia para Atendimento ao Cliente”, ambos ficamos em terceiro lugar mundiais.

Hoje, de volta ao Brasil fundei uma Startup, a Esttima (www.esttima.com.br), com a qual fui campeão do primeiro Lemonade, em Belo Horizonte, com isso fomos acelerados pela Techmall, e também cumpro esse mês 3 anos de “What’s Rel?”. Voltei minha vida completamente para o empreendedorismo e com toda certeza do mundo, me encontrei, não mudaria isso nunca.

Quais são seus objetivos profissionais?

Meu objetivo é sempre se poder fazer crescer minhas empresas. São pequenas, e por isso é muito difícil, mas a cada mês, a cada semestre, ano, posso aprender muito e os resultados acabam vindo com o esforço. Não tenho outro objetivo profissional que não seja melhorar os resultados das empresas, e como profissional aprender cada vez mais, para poder ser alguém de referência. Leio todos os dias, e estudo quase todos os dias, e consegui tornar isso um hábito, o que faz com que seja mais fácil aprender algo novo ou me aprofundar em algum conhecimento.

Quanto tempo demorou para conseguir seu primeiro emprego na área?

Menos de um mês.

Fez estágio de RI? Onde? Qual a importância deste fator na sua carreira?

Fiz sim. Trabalhei no Departamento do curso de Relações Internacionais da PUC Minas por 6 (seis) meses. Não basta estar no front, é preciso conhecer tudo o que se passa onde as coisas acontecem, onde as decisões são tomadas. Isso é algo que, geralmente, poucas pessoas têm interesse em conhecer. Informação é tudo.  Fui também monitor da disciplina da PUC Virtual de “Tópicos em Economia: Políticas Públicas”, ministrada pelo professor Francisco Gaetani, na época secretário-executivo adjunto do Ministério do Meio Ambiente do primeiro governo Dilma, secretário-executivo adjunto do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do 2º governo Lula, Gestor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, Diretor de Formação da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e Diretor Geral da Fundação João Pinheiro. Essa pessoa me transformou em um apaixonado por Políticas Públicas e Gestão (em geral). Muito me ensinou e sou muito grato à oportunidade de convívio direto com ele nos dois anos em que trabalhei na PUC Virtual. Até hoje mantemos contato. Esses estágios serviram para me ajudar a me conhecer melhor, a definir um rumo para minha vida profissional e para me mostrar do que eu era capaz. Tanto em relação a desafios quanto às habilidades e competências que eu possuía e também àquelas em que eu deveria dar uma atenção especial para melhorar.

Guilherme Guedes ao receber o prêmio Lemonade pela sua startup Esttima:”Não basta estar no front; é preciso conhecer tudo o que se passa onde as coisas acontecem, onde as decisões são tomadas. Isso é algo que, geralmente, poucas pessoas têm interesse em conhecer. Informação é tudo.”

Fez intercâmbio? Onde e quando? Em que medida acredita que isto afetou positivamente a sua carreira?

Quando terminei os estudos em inglês aos 12 anos de idade, fui juntamente com um primo (de também 12 anos) para os EUA, onde ficamos por 3 meses para praticar a língua, pois eu já estava pensando em fazer provas para obter certificados de proficiências no idioma. Não fiz um intercâmbio “regular”, desses que se compram em agências de viagens, tipo “work and travel” ou “study and travel”. Bem que eu gostaria de ter feito, pois não só acho como vejo que, no meio profissional, isso faz diferença. Nenhuma empresa irá deixar de contratar uma pessoa talentosa por não ter feito um intercâmbio, isso é fato, mas com certeza quem já estudou e/ou trabalhou fora do país possui uma visão diferenciada de certas situações, ao contrário de quem não vivenciou esse processo. Vale a pena investir alguns meses e dinheiro nisso, e o melhor a se fazer é se preparar para esse tempo e custo com muita antecedência.

Quantos idiomas você fala? Quais? Possui certificado de formação nestes idiomas? Acha importante?

Falo, além do português, inglês e espanhol fluentes. Possuo o TOEFL, feito em dezembro de 2009, o TOEIC feito em março de 2010, o Certificate of Competency in English e o Certificate of Proficiency in English, os dois da Universidade de Michigan, feitos no ano 2000. O mercado de trabalho pede essas comprovações e por isso é importante sim (dependendo de onde e com o quê a pessoa quer trabalhar) investir nisso. No caso do espanhol aprendi morando e trabalhando no Chile, em uma empresa chilena, então isso vale como comprovação.

Fez pós-graduação? Em que área?

Quase terminei uma especialização em Gestão de Projetos pela Fundação Dom Cabral, mas não cheguei a terminar pois estava no Chile.

Em sua opinião, qual a maior dificuldade de um analista de RI com relação ao mercado de trabalho?

Primeiramente o desconhecimento sobre o que esse profissional pode fazer. Se nós, ao sermos perguntados sobre o que podemos fazer com esta formação, já nos enrolamos, imagine uma empresa ou um empregador. É complicado, a começar pelo nome. A palavra “Analista” já é, por si própria, abrangente; ao ser dita juntamente com “Internacional”, em um país que reabriu suas “portas” para o mundo há pouco mais de 20 anos, aí é que a coisa fica difícil. Nos formamos Analistas e tivemos um aprendizado abrangente, mas possível de ser aplicado em diversas áreas técnicas como Comércio Exterior, Ensino e Pesquisa, Consultoria em Negócios Internacionais, Administração Pública, Gestão de Processos, Marketing, dentre inúmeras outras. Se um profissional sabe se colocar bem para um empregador, se conhece bem a ponto de saber exatamente o que ele faz de melhor e consegue mostrar isso, então essas dificuldades são amenizadas e, invariavelmente, ele encontra uma forma de mostrar o tipo de profissional que é e que abarque o seu conhecimento acadêmico, sua vivência, suas habilidades e competências pessoais para trabalhar.

Em que medida seus relacionamentos interpessoais (networking) foram importantes na sua carreira?

Difícil de mensurar, mas algo além do muito importante. Para processos seletivos isso não conta, pois processos nas empresas sérios são sérios e levam em conta outras coisas que não a sua rede de contatos. Como empreendedor vivo e dependo de ter o networking funcionando e em constante crescimento para que as coisas funcionem melhor e mais rápido. Entre encontrar uma pessoa ideal para um trabalho, um fornecedor que te entregue como você precisa, pessoas que te podem ajudar com mentorias, conselhos e coisas do tipo, o networking ativo é fundamental. Mas cuidado que networking não significa trocar cartão de visitas e ir à festas: é preciso mostrar o que você tem de valor para entregar ao outro. Seja conhecimento, acesso à informações, outros contatos, novas tecnologias, tudo vale. E nunca se esqueça de retribuir! “Give First” e “Give Back” são termos usados diariamente no meio de startups, e isso é o que faz com que o ecossistema e a comunidade continuem funcionando e todos se ajudando.

O que o motivou na escolha do curso? E da carreira que escolheu?

Escolhi o curso desde que tinha uns 15 anos. Não me lembro exatamente o que foi que me motivou, mas me lembro de nunca ter tido nenhuma dúvida quanto a isso. Quanto à carreira que escolhi, também não tenho dúvidas, mas a insegurança sumiu apenas depois da faculdade, já com alguma experiência e conhecimento de diversas áreas. Posso um dia encontrar algo que eu me identifique melhor, mas uma coisa é certa: eu tenho certeza absoluta do que eu não quero. Isso já me tirou um peso enorme das costas e me poupou de muitas horas de preocupação e ansiedade.

Se pudesse dar alguma dica aos futuros analistas internacionais qual seria? E para os colegas que já são analistas, mas têm dificuldades de se posicionar no mercado de trabalho?

O que eu posso dizer é algo que todos sabem e que poucos praticam: seja você mesmo. Por diversas vezes não levei isso a sério, não acreditei que fosse ser tão simples assim, mas, acredite, é tão simples quanto soa. Obviamente devemos nos adequar a certas situações, certos ambientes e pessoas, e saber nos portar e agir, mas isso não significa em momento algum que você não deva ser você mesmo. Uma pessoa deve sempre focar no que ela sabe fazer de melhor e ela irá funcionar de maneira perfeita quando fizer o que gosta, do jeito que gosta, e para si próprio. Diga mais “sim” e menos “não” e pergunte-se mais “porque não?” ao invés de apenas “porque?”. Procure se conhecer muito bem antes de tentar conhecer o mundo e os outros. Tenho certeza que você vai se surpreender. Faça o que você saiba, aprofunde nisso, coloque seu empenho no que você é melhor, mas nunca deixe de conhecer e aprender coisas novas, porque complementar o seu espectro de conhecimento é essencial.

Gostou da entrevista? Ainda tem dúvidas? Deixe sua mensagem aqui!

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