Entrevista: Rômulo Florentino – Regulação de Petróleo, Gás e Energia

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Entrevista relações internacionais
Entrevista - Rômulo Florentino

Em conversa com o What’s Rel?, Rômulo Florentino nos contou os aprendizados e desafios de seu percurso como internacionalista, além de dar dicas de como se preparar melhor para o mercado de trabalho!

Entrevista - Petróleo e Gás
Rômulo Florentino

Rômulo é formado em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, possuindo experiência de trabalho no setor privado com ênfase nas áreas de Relações Governamentais e Políticas Públicas, além do setor de petróleo, gás e energia. Atualmente, é Gerente de Regulação e Políticas Públicas da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás – ABPIP.

O que o motivou a optar pelo curso de Relações Internacionais?

No momento em que optei pelo curso, o Brasil ganhava projeção internacional e crescia como uma das maiores economias do mundo. Essa perspectiva de mercado – à época muito positiva – aliada ao meu desejo de aprofundar conhecimentos em ciências sociais, me pareceu uma excelente oportunidade de juntar empregabilidade com estudar algo que me motivava.

Quais características e/ou aprendizados do curso de Relações Internacionais mais contribuíram para seu desenvolvimento profissional?

Relações Internacionais é um curso que te ensina a pensar. A despeito de não ser um curso técnico, proporciona uma experiência muito diversa em termos de conteúdo e vivências. A adaptabilidade que vem com isso ajuda na experiência do mercado de trabalho. O fato de que é um curso que soma teoria a contemporaneidades também auxilia o estudante a considerar sempre a aplicação prática dos conhecimentos que adquire. 

Com experiência relevante no mercado de trabalho, você já atuou em algumas empresas de grande porte. Poderia nos contar como acredita ter se destacado na admissão dessas oportunidades?

Na minha perspectiva, o grande desafio é a primeira entrada no mercado. Nos próximos passos, se tudo der certo e conseguirmos desenvolver um bom trabalho nos cargos de entry level, as experiências começam a falar por si só. Nesse contexto, é muito importante ter autoconhecimento e saber contar as histórias em que nosso trabalho fez a diferença nas organizações. Quanto mais especializadas as pessoas vão se tornando, o mercado também se torna mais específico, de modo que é comum que seus colegas e outras empresas já te conheçam pelo trabalho que desenvolve e identifiquem oportunidades em que sua participação pode ser instrumental.

Hoje você atua na área de Políticas Públicas e Relações Governamentais.  Como é o trabalho de um internacionalista nessa área?

Não é necessário ter uma formação específica para atuar com Políticas Públicas e Relações Governamentais. Eu mesmo trabalho diariamente com economistas, advogados, comunicadores, além de internacionalistas. Contudo, o graduado em Relações Internacionais tem um perfil interessante para essa área justamente por conta da diversidade de assuntos ao qual é exposto na universidade, formando-se como um profissional muito versátil, com facilidade de relacionamento e comunicação, boa escrita e capacidade de entender como políticas amplas podem ter grande impacto sobre realidades muito específicas, como as das empresas. E esse é o trabalho do profissional de relações governamentais, atuando para aproximar setores público e privado em prol de iniciativas que incentivem e protejam os setores.

Como internacionalista, quais foram seus maiores desafios em relação ao mercado de trabalho?

Embora eu enxergue Relações Internacionais como uma formação muito sólida, infelizmente não considero ser uma graduação que hoje, por si só, abra portas no mercado de trabalho. Nesse contexto, meu maior desafio como internacionalista foi criar uma trajetória de carreira e uma especialidade que iam além da formação como internacionalista.

Quais são as oportunidades de trabalho que você acredita existirem para um analista internacional no setor de petróleo, gás e energia? 

Se o analista internacional está de fato aberto a novos aprendizados, entendo que há algumas oportunidades distintas nesse setor. Minha trajetória em petróleo, gás e energia, por exemplo, foi iniciada com gestão de pesquisa, desenvolvimento e inovação, e acabou evoluindo para a área regulatória, desenvolvimento de negócios, coordenação de joint-ventures, relações governamentais e políticas públicas, e até mesmo gestão fundiária, área que é responsável por administrar contratos de locação para passagem de gasodutos e linhas de transmissão em regiões rurais ou de extensão urbana. Além disso, há internacionalistas na área financeira, administrativa e de suprimentos. 

Para além da graduação, como um estudante de Relações Internacionais pode se preparar para atuar no setor de petróleo, gás e energia?

Uma boa porta de entrada é a realização de pesquisa na universidade. Como petróleo, gás e energia são setores muito técnicos, o conhecimento adquirido através, por exemplo, de uma iniciação científica, pode ser o diferencial na contratação de um jovem profissional que quer entrar no setor. 

Como foi o processo de inscrição para cursar um MBA em uma universidade estrangeira?

No meu caso, optei por não cursar o MBA em tempo integral para não desviar da minha trajetória de carreira, mas ao mesmo tempo queria uma experiência internacional, considerando que já havia concluído graduação e mestrado integralmente no Brasil. Nesse sentido, o processo seletivo acaba sendo mais rápido e simples do que para um MBA full time, mas ainda é preciso atentar para as provas de proficiência em inglês, testes de matemática e lógica (que embora não sejam triviais, não são um bicho de sete cabeças e também podem ser feitos com sucesso por estudantes de ciências humanas) e escrita atenta dos essays e cartas de motivação. Também é importante indicar como referência profissional alguém que conheça o seu trabalho e estará comprometido a dar uma visão honesta e elaborada sobre suas potencialidades.

Além do inglês, você também tem conhecimento do francês. O que te fez optar pelo aprendizado deste idioma?

Aprendi francês desde pequeno, na escola. Quando concluí o curso de inglês na adolescência, tive a oportunidade de me dedicar a aprender um pouco mais o idioma antes de ir para a universidade e, depois de adulto, por hobby. Quando tive condições de voltar a arcar com a mensalidade, resolvi dar mais atenção ao meu contato com a língua. Embora inglês seja sem dúvida o idioma mais importante para um profissional de Relações Internacionais, todo aprendizado é válido. Conhecer a cultura de um país através da língua também é uma experiência enriquecedora que vai muito além da carreira. Também podemos dizer que todo novo idioma aumenta a diversidade de escolhas de vida que alguém pode ter. 

Quais dicas você daria para um internacionalista recém-formado entrando no mercado de trabalho?

É muito comum que os jovens internacionalistas tenham o sonho de viver, estudar e trabalhar fora do país. Muitos até mesmo escolheram o curso com essa perspectiva. Para aqueles que conseguiram entrar no mercado de trabalho durante ou logo depois da graduação, no entanto, minha principal dica é que se permitam construir uma história sólida em seus setores antes de darem um passo rumo a experiências internacionais – que muito provavelmente terão oportunidade de viver em outros momentos e sob outras condições. Naturalmente, cada trajetória é diferente e uma só receita não serve para todas as carreiras, mas se você teve a sorte de trabalhar cedo com algo que gosta e no qual é bom, garantir sua empregabilidade através disso pode na verdade ser uma maneira de, no médio prazo, concretizar seu sonho de viver fora com mais segurança. Outra dica importante é investir no networking desde o princípio da sua carreira. Muitas vezes os colegas da graduação podem ser aqueles responsáveis por te indicar a uma vaga no futuro ou te informar sobre oportunidades.

Esta entrevista foi realizada pelo estudante de Relações Internacionais da UFRRJ Eduardo Brito.

 

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