A indústria da moda movimenta cerca de US$ 525 bilhões anualmente, sendo o maior faturamento global no e-commerce direto ao consumidor (B2C), de acordo com a Valor Investe (2021). Como se este número já não fosse expressivo o suficiente, ela cresce, em média, 11,4% por ano e espera-se que alcance a marca de US$1 trilhão de faturamento em 2025.
Uma indústria que movimenta tais somas astronômicas tem por certo uma cadeia de valor bastante abrangente, gerando empregos de forma direta e indireta. Da designer à costureira, dos fabricantes de tecidos e aviamentos, modelos, maquiadores, fotógrafos, editores de moda; as roupas, calçados, bolsas e acessórios extrapolam a necessidade básica de consumo e entregam aos clientes muito mais que vestuário, mas também desejo, autoestima, status, e as vezes até a sensação de pertencimento (ou não) de um estilo de vida ou imagem que almeja passa para o mundo.
E dentro desta cadeia de valor tão ampla e complexa, será que há espaço para atuação profissional de internacionalistas?
A resposta é um SIM tão grande e sonoro quanto o volume de dinheiro que esta indústria movimenta.
Para ilustrar de forma bastante didática a resposta da pergunta acima, vou usar como exemplo a marca Samkas, que já nasceu internacional desde a sua concepção.
Criada há mais de uma década por duas irmãs argentinas, -então radicadas em Miami-, a marca se utiliza de matérias-primas vindas do México, Espanha e República Tcheca e, atualmente, tem seu design feito na Alemanha.
Por ter nascido em Miami, no início, era bastante focada no público residente na região. Mas na medida em que a marca começou a se expandir com vendas por todo os EUA, ela ganhou novos públicos e, com isso, foi se adaptando às novas demandas.
Ainda que com grande ligação com a Europa, em função da origem de boa parte da matéria-prima e, mais atualmente, do design, a marca é comercializada exclusivamente dentro dos EUA, muito em função da estratégia adotada pela própria marca de, até este momento, permanecer focada neste mercado.
Mas se engana quem pensa que a inspiração para a criação das peças se limita ao público europeu ou estadunidense: as donas da marca estão frequentemente viajando para todos os cantos do mundo (do Sri Lanka à Argentina) e isso se reflete à cada nova coleção.
Ou seja: a marca foi pensada, criada e teve sua cadeia de valor toda desenvolvida de maneira internacional, desde o início. Do design, à escolha das matérias-primas, às pesquisas de mercado de público-alvo, logística de canais de distribuição, estudos tributários, estratégias de venda. Uma gama muito complexa, – e muitas vezes invisível aos olhos do grande público consumidor-, focado ‘apenas’ no objeto em si: os acessórios e o valor que eles entregam enquanto produto final.
Sobre a atuação de um(a) internacionalista no setor, há uma infinidade de atividades envolvidas no processo de criação de uma marca, pensada já de maneira internacional, bem como a realização de pesquisas e definição de estratégias, seja de posicionamento ou mesmo de vendas, mercado consumidor ou questões culturais. Fato é que, numa cadeia com tantos elos, o internacionalista pode atuar dentro da marca, ou mesmo, auxiliando no processo de expansão, importação, exportação, negociação, comercialização, tanto no setor de moda, como em diversos outros.
E antes que os críticos de plantão comecem a elencar obstáculos para que o internacionalista atue neste ou em qualquer outro segmento, como a necessidade de uma especialização, proponho aqui uma reflexão fazendo uma analogia com uma carreira bastante tradicional: uma pessoa que se forma em medicina, pode optar por ser um clínico geral, que não demanda a realização de uma residência, mas não impede o incremento de seus estudos por meio de especializações; no entanto, caso ela queira atuar num ramo específico, como cardiologia ou oftalmologia, ela será obrigada a se especializar por meio da referida residência.
Então, se você se interessa por moda e atuar neste segmento enquanto internacionalista, considere sim a necessidade de se especializar na área, em algum dos elos desta cadeia, mas não encarando como um obstáculo inerente à formação acadêmica do internacionalista, como se esta fosse incompleta ou insuficiente, mas como um profissional de ponta que entendeu que dar continuidade aos estudos é o que vai dar longevidade e crescimento à uma carreira bem-sucedida. Qualquer que seja ela.
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