MERCADO DE TRABALHO EM COMÉRCIO EXTERIOR

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Por Vanessa Ramos*

Postado em 02/20;

A área de Comércio Exterior – Comex – é enorme, mas muita gente ainda não tem conhecimento de onde e nem como atuar nesse mercado. Quando assunto é formação para trabalhar com Comex, o conhecimento é ainda mais restrito. Pensando nisso, resolvi escrever sobre as diversas formas de atuação profissional na área e a formação necessária para tal. Vamos lá?

Mercado de trabalho

Começando pelo assunto de onde atuar, a área tem bastantes segmentos. Podemos trabalhar como despachantes aduaneiros, atuando no processo burocrático de solução entre clientes e órgãos federais e estaduais, tendo como escopo um grande conhecimento sobre legislação aduaneira.

Podemos trabalhar também em agenciamento de cargas ou operador logístico internacional. Ao meu ver, uma grande escola sobre atuação prática. Em empresas de agenciamento, pode-se atuar na área comercial com interface entre clientes e armadores e/ou companhias aéreas, angariando melhores condições de fretes internacionais, seja em preço ou prazo, a fim de apresentar o melhor cenário ao cliente. Como agente de carga, podemos atuar como gestores de embarques, ou seja, coordenando toda a operação conforme a demanda recebida da área comercial e tornando efetiva a logística junto aos armadores e companhias aéreas, despachantes e transportadores.

Como donos dos espaços, podemos ser armadores ou companhias aéreas, ou ainda em transportadoras que cruzam fronteiras. Dando ênfase aos armadores, podemos trabalhar também na área comercial efetuando reservas de espaço, entendendo o mercado, tendências logísticas, commodities, segmentos. Tendo interface com importadores e exportadores, agentes de carga.

No setor operacional, somos responsáveis por emissão de documentação e interface com terminais portuários. Aliás, terminal portuário é uma área extremamente interessante. Se podemos dizer “Operação na veia”, é exatamente esse o cotidiano de quem trabalhar em terminal. Todo conhecimento em navios, atracação, descarga, carregamento, armazenagem em pátios, acordos comerciais com clientes e armadores, gestão com transportadoras e ferrovias. Um universo onde todo o modal marítimo acontece.

Podemos ainda trabalhar em empresas importadoras e exportadoras, aprovando documentação, fazendo aquisições internacionais, contratando agentes de carga, despachantes e transportadoras. Ou seja, sendo responsável por toda gestão do processo e garantindo que vai atender as necessidades da empresa.

Podemos ser traders, desbravar mercados, analisar índices, negociar, representar. Podemos trabalhar em consultorias tributárias e logísticas. Podemos também optar pela carreira pública, atuando em secretarias do Governo, diplomatas, embaixadores e negociar melhorias e ganhos junto outros países.

Essas são algumas e nem consegui citar ou descrever todas, mas é um norte e exemplifica um pouco o extenso universo que temos pela frente.

Diante dessa pequena explanação, refletimos então: o que estudar? Em que se especializar?

Formação

Começarei pelo clichê e não menos importante: Relações Internacionais ou Comércio Exterior. Avançando para Administração, Engenharia de Produção, Economia e Direito.

As formações são inúmeras e em todas elas haverá lacunas de informações sobre atuação no mercado internacional, que somente serão preenchidas através de cursos de especialização ou formações pós acadêmicas. Vejam bem, se um profissional estudou Administração e resolveu trabalhar em um banco, esse mesmo profissional terá que se especializar em gestão financeira, por exemplo. E se esse profissional tivesse estudado Economia como formação, também teria que se especializar em Finanças caso quisesse atuar nesta carreira.

Assim acontece com Comércio Exterior, podemos ser formados em Relações Internacionais ou Comércio Exterior, atuarmos em terminal portuário e precisaremos nos especializar em Shipping. Assim como outras formações também podem atuar na mesma área como citei acima, e também precisará se especializar.

Para encerrar, convido também outras áreas para receber nossas formações. Por que não um aluno de Relações Internacionais ser responsável pela área de compras internacionais? E por que não uma vaga de analista de logística, com interface internacional, ter um profissional de Comércio Exterior?

É uma reflexão que cabe a todos nós! Estarmos aptos a receber outras formações e participar de vagas que hoje pertencem a outras formações. A nós profissionais do mercado internacional, nos cabe treinar e especializar essa nova safra.

O importante é que nossa área é vasta e estamos aptos para atuar com diversas formações. Basta gostar do mercado internacional e atravessar fronteiras. Nossos desafios cruzam mares e é simplesmente deliciosa essa viagem diária!

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* Vanessa Ramos – Sócia Diretora da Arbore Consult, Consultoria de Comércio Exterior. Formada em Comunicação Social e pós-graduada em Comércio Exterior pela UFRJ, Vanessa possui treze anos de conhecimento abrangente do mercado de Comércio Exterior, com especialização em processos e negociação comercial. Tem experiência no ramo de Supply Chain com vivência Internacional em Moçambique e Malásia, sendo responsável por criar e treinar a área de Comércio Exterior nesses países, além de escrever Norma e Procedimento. Além disso, atua ministrando treinamento com público universitário em universidades como Univ. Veiga de Almeida, SENAI, IBMEC e La Salle; aplicando cursos como Operações de Comércio Exterior, Logística Internacional e Negociação Internacional.

Leia também: RELAÇÕES INTERNACIONAIS: COMO SAIR NA FRENTE NO MERCADO DE TRABALHO? 

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