O Mercado de Trabalho para os Analistas Internacionais em Brasília

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Em fevereiro deste ano escrevi um post sobre o ‘Mercado de Trabalho para os Analistas Internacionais no Sul do Brasil (que você pode ler clicando aqui), que acabou sendo um dos recordistas de acessos e feedbacks dos leitores do blog. Por este motivo, resolvi escrever outro post, nos mesmos moldes do primeiro, mas agora sobre outra localidade brasileira. Abri um espaço na nossa página no Facebook e recebi diversas sugestões.Um dos lugares sugeridos foi Brasilia, e por já ter morado lá, me senti mais confortável em escolher a capital federal como tema desta publicação. Mas fiquem atentos, pois este não será o último post sobre um mercado brasileiro específico. Mais um motivo para deixar seu feedback no blog para futuras publicações.

Morei em Brasília de julho de 2010 até dezembro de 2011. Durante este um ano e meio participei de dezenas de processos seletivos e trabalhei em 3 lugares diferentes: uma consultora de projetos japonesa, uma Embaixada caribenha e uma Embaixada árabe. Posso dizer que todas elas foram muito importantes para mim profissionalmente e que tive a oportunidade de aprender diversas funções e, sobretudo, como funciona a dinâmica mercadológica da capital.

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Palácio do Itamaraty

Brasília é um local com características empregatícias muito particulares.Aliás, tudo em Brasilía é muito peculiar. A maior parte da população, ou é formada por funcionários públicos ou por aspirantes à carreira, os chamados ‘concurseiros’. É quase que obrigatório falar sobre o tema quando se reside lá.A minha mudança para a cidade foi por motivos particulares e não conhecia praticamente ninguém quando fui pra lá. Se buscar uma nova colocação profissional já é desafiador o suficiente quando temos uma boa rede de relacionamentos, o que dizer quando não se conhece ninguém? Especialmente na cidade em que o “Q.I.” (Quem Indica) é quase quesito obrigatório. Mas não desanime por pior que pareça. É difícil, mas não é impossível. E eu vou lhe mostrar como.

Eu sempre tive em mente que a carreira no setor público não era pra mim. Diferente da grande maioria que entra no curso de Relações Internacionais, nunca nem cogitei a possibilidade de prestar o concurso para o Instituto Rio Branco, ou qualquer outro (sem desmerecer em nenhum grau as pessoas que têm este sonho). O que não significa que eu não queria ter experiência na área diplomática. Morar em Brasília deixou isso cada vez mais claro para mim.Como mencionei anteriormente, Brasília vive em torno do funcionalismo público, realidade esta que vi de perto e me foi muito frustrante. Grande parcela dos concursados optou por esta carreira pela estabilidade, pelos altíssimos salários e muitas vezes, carga horária reduzida. Vejam bem, eu estou aqui generalizando um cenário. Não tomem a minha opinião neste sentido como a verdade absoluta. Eu também conheço pessoas que ingressaram na carreia com ideais de mudar o país e que trabalham com afinco para que isso aconteça. Entretanto, grande parte não faz mais do que contar as horas para bater o cartão do ponto, enquanto empurram o trabalho com a barriga. Assim, se eu alguma vez tive dúvidas sobre ingressar neste meio, poucos meses de capital já haviam me provado o contrário.

Para aqueles que têm interesse em concursos públicos, sugiro verificar a seção do blog indicada na nossa página inicial em concursos. Não desanimem da área pela minha visão um tanto quanto negativa a respeito. Estou usando este espaço para compartilhar minhas experiências e o leitor pode e deve utilizá-las como quiser!

Definido o que eu não queria fazer em Brasília, foi hora de focar naquilo que eu queria. Até então eu sempre havia trabalhado no setor privado e em Câmaras de Comércio, que geralmente atuam como instituições sem fins lucrativos. Na capital federal não há muitas empresas, muito embora várias delas tenham um escritório de representação na cidade, com poucos funcionários. E as Câmaras de Comércio geralmente não oferecem boa remuneração e não são muito atuantes por lá.

Desta forma, decidi focar nas Embaixadas e nos Organismos Internacionais (O.I.s). Feito isso, comecei uma pesquisa profunda sobre todas estas instituições na cidade. Minha primeira fonte foi o site do Itamaraty, em que são informadas todas as representações diplomáticas no Brasil (http://www.itamaraty.gov.br/cerimonial/corpo-diplomatico), tanto embaixadas quanto O.I.’s. As vezes o site não está muito atualizado, mas é uma fonte confiável. Coloquei todos os contatos numa planilha e priorizei aqueles que tinha mais interesse em trabalhar. Liguei para TODOS eles e perguntei se havia alguma vaga aberta e/ou se poderia deixar meu currículo caso alguma vaga aparecesse. Fiz meu currículo em português, inglês e espanhol, e levei pessoalmente a TODAS as Embaixadas e O.I.’s que eu gostaria de vir a trabalhar. Regra básica: não pode ter preguiça. Para saber mais sobre a minha saga nestes processos seletivos você pode clicar aqui e aqui.

Da minha experiência na consultora eu descobri que tenho dificuldade em trabalhar com japoneses. Ótimas pessoas, uma cultura incrível. Mas mesmo pra mim, que trabalho muito, visto a camisa do time, e adoro o que faço, os níveis de exigência e comprometimento com o trabalho dos japoneses é algo espantoso, com os quais eu não consegui me adaptar. O que ficou de lição e aprendizado para a minha carreira. Para a minha vida.

Participei de uma enxurrada de processos seletivos em Embaixadas. Cada vez chegando mais perto, na medida em que ia aprendendo com os processos e recebia feedbacks dos examinadores. Até que passei para ser assessora de uma embaixadora de um país caribenho. Como eu fiquei feliz no dia que fui selecionada. Eu enfim tinha conseguido um emprego numa embaixada em Brasília, sem indicação de ninguém.

Ambiente de trabalho super tranquilo e agradável, e minha grande oportunidade de ter experiência no meio diplomático. De repente, porque eu estava trabalhando numa Embaixada, parecia que “todo mundo me queria”. Dos currículos que havia praticamente panfletado nas Embaixadas, eu comcei a receber diversos telefonemas me chamando para entrevistas. Fato é: é muito difícil entrar neste meio sim, mas uma vez lá dentro, muitas portas se abrem. Por isso, mesmo não tendo começado na carreira numa Embaixada que era minha primeira opção, eu sou muito grata e feliz pela oportunidade que tive.

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Festa da Data Nacional
Trabalhando neste meio eu acabei conhecendo outra fonte ótima de contatos das representações diplomáticas: o Guia Diplomático. Acessando este link você encontrará várias informações sobre as Embaixadas: http://www.guiadiplomatico.com.br/Paises/e O.I.’s: http://www.guiadiplomatico.com.br/Organismos-Internacionais/em Brasília. O Guia é atualizado anualmente e lançado todo mês de julho. Para os assinantes e na versão impressa é possível saber quem são os diplomatas alocados em cada representação, o que pode auxiliar no direcionamento da sua busca por emprego se você tiver interesse em algum setor especifico.Os salários pagos são muito bons, podendo variar de R$2.000,00 a R$15.000,00, dependendo do cargo, experiência, organismo e carga horária de trabalho. A maior parte das Embaixadas trabalha em média de 30 a 35 horas por semana, mas existem aquelas que cumprem as 40 horas semanais ou funcionam até sábado.

Outra boa fonte de busca de empregos em Brasília é outro link do Itamaraty: http://www.itamaraty.gov.br/temas/oportunidades. O jornal local, o Correio Braziliense, sempre publica vagas nas edições de quinta e domingo. Para quem já mora em Brasília, vale a pena acompanhar as noticias que saem quando alguma Embaixada está se instalando na cidade, pois sempre que chegam elas contratam muitas pessoas.

Outra possibilidade de carreira é trabalhar nos gabinetes dos deputados e senadores. Na época em que buscava emprego na cidade vi vários anúncios nos jornais, mas não tinha nenhuma experiência relacionada à área e por isso não participei de nenhum processo neste setor. No site da Patri é possível buscar mais informações sobre esta carreira: http://www.dicas.com.br/site/. Frequentemente eles divulgam processos seletivos por lá.

Abaixo, aproveitei para listar alguns Organismos Internacionais presentes na capital federal:·         Medico Sem Fronteira (www.msf.org.br)

·         WWF (www.wwf.org.br)

·         Visão Mundial (www.visaomundial.org.br)

·         UNODC (www.unodc.org)

·         Caritas (www.caritas.org.br)

·         AFD (www.afd.fr)

·         CDT (www.cdt.europa.eu)

·         EDA (www.eda.europa.eu)

·         Banco Interamericano (www.iadb.org)

·         Banco Mundial (http://web.worldbank.org)

·         CEPAL (http://www.eclac.cl/brasil/)

·         Cruz Vermelha (www.cicr.org)

·         UNICEF (www.unicef.org.br)

·         UNIFEM (www.unifem.org.br)

·         OAS (www.oas.org)

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Internacionalista, mineira, radicada no Rio de Janeiro desde 2012. Idealizadora/Fundadora do What's Rel? (2011). Business Development Latin America para uma empresa canadense de engenharia, sócia da PAR Consultoria, e grande entusiasta da carreira de R.I. :)

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