A cultura na carreira do internacionalista (parte 2)

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Os aspectos culturais das sociedades fazem parte do cotidiano de muitos internacionalistas, seja aqueles que trabalham no exterior ou aqueles que trabalham diretamente com pessoas estrangeiras. Estar atento às diferenças culturais faz-se então de grande importância para a carreira. Já falamos um pouquinho sobre elas na parte 1 e seguimos com as dicas.

1) Há costumes culturais que são interessantes adotar no momento de uma reunião ou negociação. São conhecidos como costumes facultativos (para os estrangeiros), pois eles podem ser adotados ou não. Quando adotados são geralmente como forma de mostrar cortesia e empatia pela cultura do outro, como um gesto de boa fé. Quando na presença de japoneses, por exemplo, um cumprimento em curvatura é considerado um costume facultativo assim como o beijo entre homens em países do Oriente Médio.

Por sua vez, existem também costumes que são exclusivos dos habitantes locais, os quais quando adotados podem parecer forçados e gerar má impressão. Por esse motivo é indicado que não sejam reproduzidos. Esses costumes estão geralmente relacionados a práticas religiosas, assuntos considerados tabus ou de questão social. São conhecidos como costumes exclusivos. Um exemplo são os horários de oração dos muçulmanos.

2) Você sabia que culturas podem ser identificadas como sendo de baixo contexto ou de alto contexto? As culturas de baixo contexto são culturas mais individualistas como na Suíça, Alemanha e Estados Unidos. O sentido do tempo é linear, há maior distância social entre as pessoas que são mais independentes e são pouco influenciados pela opinião dos demais. O indivíduo se centra em suas atividades, em seus próprios interesses. Já nas culturas de alto contexto como é o caso do Japão, Arábia Saudita e China, o tempo é sentido de forma circular, a pessoa é interdependente dos demais e há mais proximidade social. Atuam em função do que é bom para o grupo, o indivíduo se centra nos grupos aos que pertence. A decisões de compra são coletivas e não individuais como nas culturas de baixo contexto.

3) As negociações multiculturais podem ser definidas de duas formas: as baseadas em normas e as baseadas na relação. As negociações baseadas em normas se encontram principalmente nas culturas ocidentais, a negociação é desenvolvida em torno de ofertas específicas que são elaboradas em contratos ou acordos e obedecidas por um sistema legal.

Enquanto que as negociações baseadas na relação se encontram basicamente nas culturas asiáticas e em países com forte influência da religião muçulmana. Se baseiam na lealdade e na obrigação ante os amigos, familiares ou superiores e têm uma preferência por construir relações antes de alcançar os objetivos.

4) Em entrevistas em consulados ou embaixadas de países que não são da sua nacionalidade é importante estar consciente sobre quais aspectos culturais podem intervir nesse momento. Estar preparado é saber quais comportamentos são considerados apropriados ou não, dentro do contexto da entrevista em si, mas sem esquecer o contexto cultural. Caso contratado (a), saber quais desses aspectos culturais farão parte do seu dia a dia e quais deles você terá que se adaptar serão igualmente importantes. Isso se aplica a uma entrevista de emprego no exterior e até mesmo para uma empresa no Brasil que tem um ambiente empresarial influenciado pela cultura de outro país.

5) Em algumas culturas não é comum falar certas questões explicitamente. Quando os japoneses cruzam os braços e sinalizam com a cabeça que sim, na verdade estão dizendo não. Os chineses também costumam negar indiretamente porque acreditam ser respeitoso não constranger o seu interlocutor. Por isso, não são diretos e nem objetivos. Por outro lado, há culturas em que falar diretamente é considerado mais adequado.

Gostou das dicas? Quer saber mais? Continue acompanhando nosso site. E compartilhe com a gente a sua experiências com outras culturas.

Este artigo foi produzido com a ajuda da estudante de Relações Internacionais da UFF e Colaboradora Voluntária Julie Guedes.

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1 COMENTÁRIO

  1. Muito bacana essa série de matérias sobre a relevância dos conhecimentos culturais no trabalho do internacionalista. Parabéns!
    Acho que seria legal, inclusive, dar continuidade neste tema fazendo alguns posts introduzindo sobre a forma de negociação de algumas culturas (China e Japão, por exemplo, têm muitos pontos interessantes a serem abordados).
    Abraços!

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